Patrimônio imobiliário da UnB é avaliado em R$ 1 bilhão por entidades do setor. Instituição mantém site com ofertas de imóveis para alugar, como “atividade típica da iniciativa privada”
Adriana Bernardes
Da equipe do Correio
A pedido do Correio, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) estimou em cerca de R$ 1 bilhão, entre apartamentos, salas comerciais e projeções. Só os lotes vazios foram avaliados em aproximadamente R$ 400 mil pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). “É provável que nem a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília) tenha a quantidade de lotes vagos que a Universidade de Brasília (UnB) tem no Plano Piloto atualmente”, estimou Adalberto Valadão, presidente da Ademi.
O presidente do Creci, Luiz Carlos Attié, reforça: a UnB se equipara aos principais grupos familiares e empresariais do DF com as maiores carteiras de imóveis — termo usado para designar os imóveis adquiridos não para revenda, mas para exploração como fonte de renda. “Diria que está um pouco acima de empresas como o Grupo Venâncio, a PauloOctavio e algumas famílias árabes e libanesas do Distrito Federal”, comparou.
A UnB anuncia os imóveis para alugar por meio do site www.unb.br/administracao/secretarias/sgp/index.php. Na tarde de ontem, a Secretaria de Gestão Patrimonial listava duas coberturas na SQN 212 ao preço de R$ 2,7 mil por mês cada. Os imóveis têm área de 178 metros quadrados e 195 metros quadrados, respectivamente, churrasqueira e um deles deck com hidromassagem. Também havia opções para os interessados apenas nas vagas de garagens e em salas comerciais. Na SQN 212, a UnB aluga cada vaga do prédio por R$ 100 ao mês, mais taxa de condomínio. No site eram anunciadas nove vagas. As quatro salas comerciais disponíveis ficam no Setor Comercial de Grandes Áreas Sul. Os aluguéis variam entre R$ 357 e R$ 1.080 por mês, mais taxa de condomínio.
Na página há fotos dos prédios nos quais a universidade tem imóvel e os modelos de contatos para os interessados. E um aviso: os contratos de aluguéis “obedecem às normas do mercado imobiliário, numa atividade típica da iniciativa privada, regida por leis civis, exercida, no caso da FUB, por órgão público”.
Os preços dos aluguéis são os de mercado. No caso dos imóveis funcionais, o preço inicial é 50% menor que o valor de mercado e aumenta 5% por ano até que, oito ano depois do início do contrato, alcança 90% do aluguel cobrado na praça.
O decano de Administração, João Carlos Teatini, informou que a renda da UnB com os imóveis é de cerca de R$ 15 milhões brutos. Segundo ele, o montante não chega a 10% dos recursos próprios que a UnB arrecada. O dinheiro é usado para pagar prestadores de serviço e na manutenção das obras dos câmpus. “Um exemplo é a obra de expansão do prédio do Instituto de Biologia. Ela tem um aporte de R$ 19 milhões. São recursos que vêm, em parte, dos imóveis, mas também de outro setores, como o Cespe, que é o principal”, afirmou. Além da organização de concursos pelo Cespe, a UnB ganha dinheiro com cursos de extensão, de especialização e programas de mestrado.
Depois do escândalo envolvendo o ex-reitor Timoty Mulholland — que ocupava um apartamento de alto luxo na 310 Norte que foi mobiliado com dinheiro público — a UnB anunciou que pretende vender ou trocar cerca de 30 apartamentos de alto padrão. Espera com isso arrecadar R$ 40 milhões, dinheiro que seria aplicado em prédios destinados à atividade acadêmica. A dificuldade, no entanto, é definir o que é um apartamento de luxo.
Na tarde de ontem a secretaria de Empreendimentos Imobiliários havia mapeado 21 apartamentos com mais de 192 metros quadrados e três vagas na garagem em diferentes quadras da Asa Norte. Apesar do tamanho e da localização, alguns estão malconservados, deixando dúvidas sobre se podem ser considerados de luxo.
Superquadras
A UnB nasceu na década de 60 como Fundação Universidade de Brasília (FUB). Foi criada pela Lei 3.998, de 15 de dezembro de 1.961. Nela ficou estipulado que a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) doaria 12 superquadras à FUB. Com o passar dos anos, a UnB alienou parte dos terrenos. Entregou-os às construtoras e recebeu em troca apartamentos prontos.
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