terça-feira, 24 de junho de 2008

CARTA ABERTA AOS DOCENTES DO IB PELA DEFESA DA INTEGRIDADE FÍSICA E DA VIDA

CARTA ABERTA AOS DOCENTES DO IB PELA DEFESA DA INTEGRIDADE FÍSICA E DA VIDA



Prezada Profa. Dra. Sonia Báo



A banalização da morte está no Campus da UnB. Recentemente tivemos uma ameaça de morte ao reitor temporário, amplamente divulgada na mídia. Poucas manifestações de solidariedade foram observadas. Em contraste, rapidamente o Conselho do Instituto de Biologia, convocado e presidido por V. Sria se reuniu para se manifestar solidários ao ex-reitor e a uma entidade de caráter privado, ambos eivados de suspeitas de malversação de verbas, negligência administrativa e outros ilícitos de igual ou maior envergadura.

O contraste entre a suposta “defesa da honra” de um chefe que regiamente vinha atendendo às demandas de uma parcela dos docentes do IB, em contraste com a indiferença à ameaça à vida daquele que é o representante legal da Instituição, demonstra claramente a parcialidade de valores que margeiam a imoralidade.

Em ambos os casos, a do ex-reitor e a do reitor temporário, foram ameaças que ocorreram. Uma, foi a ameaça é quanto à honra, mas preservando a vida; na outra, a ameaça foi contra a vida, onde a honra é consagrada pela defesa da apuração de fatos ilícitos, mesmo que a honra , com a morte, não possa mais ser defendida pelo desonrado. O contraste de valores é temerário – eu diria – é a barbárie ética por que passamos neste momento no IB e na UnB.

A morte está se banalizando. Agora, nestas últimas horas, recebemos a notícia de que um dos nossos colegas, o Prof. Marcelo Hermes Lima está sofrendo ameaças de morte veladas pela internet. Seja qual for a natureza da ameaça, se bravata ou séria, não se pode ficar indiferente com a ameaça ao que há de mais sacramentado no direito, na religião e nos costumes, a vida. Nem o direito brasileiro admite a morte como forma punitiva rejeitando-a como pena. Então a ameaça de morte como forma de sentença extra-oficial, seja de que natureza for não pode ser percebida como de menor importância. Ao contrário, é devido à indiferença que as grandes tragédias foram anunciadas e se realizaram.

O crime é filho bastardo da indiferença e criado pela impunidade. Nós, pessoas honradas, trabalhadoras e democratas, não podemos permitir que a vida de um colega seja ameaçada. Seja qual for o nível de simpatia que nutrimos pelo colega, a simpatia à vida deveria ser o maior princípio que nos une como espécie, como nação e como grupo socialmente ajustado.

Apelo para o dever de V. Sria na representação dos docentes do IB e para o papel de líder desta parcela da Instituição para que se manifeste e conclame a todos a se manifestarem em defesa da vida do colega Marcelo Hermes Lima, quanto à ameaça de morte que vem sofrendo. Da mesma maneira que parcela de docentes do IB se articulou para admoestá-lo em relação às suas manifestações na mídia livre, por se sentirem incomodados, devemos nos sentir indignados pela ameaça à vida do colega e proativamente rejeitarmos estas praticas funestas em nossa comunidade.

Respeitosamente



Prof. Vanner Boere Souza

CFS/IB/UnB

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