sábado, 31 de maio de 2008

Imóveis da UnB e os excessos

Imobiliária UnB
Dona de mais de 2 mil imóveis no Plano Piloto, universidade espera arrecadar R$ 40 milhões com a venda de 30 apartamentos de alto padrão
João Campos Da equipe do Correio
O escândalo provocado pela requintada decoração da cobertura ocupada pelo ex-reitor Timothy Mulholland apressou a decisão da Universidade de Brasília de vender ou trocar cerca de 30 imóveis de luxo. Proprietária de 2.175 imóveis, entre apartamentos funcionais ou para locação e salas comerciais no Plano Piloto, a UnB espera arrecadar cerca de R$ 40 milhões com a negociação, prevista para meados do segundo semestre. O dinheiro arrecadado com a venda ou permuta de imóveis será aplicado em prédios destinados à atividade acadêmica. O Hospital Universitário de Brasília (HUB), interditado desde o último dia 15, é prioridade no investimento. Segundo o decano de Administração e Finanças da UnB, João Carlos Teatini, o levantamento dos imóveis que deverão ser leiloados ou permutados deve ficar pronto até o fim da próxima semana. A base para considerar o imóvel de luxo levará em conta o piso de R$ 1,5 milhão. “Temos coberturas que podem chegar a R$ 4 milhões. O levantamento é complicado, pois não podemos fazê-lo pela área do imóvel: há muitos apartamentos de quatro quartos que estão velhos e não são de luxo”, explicou o decano. A cobertura de 400 metros quadrados utilizada pelo ex-reitor Timothy Mulholland, na 310 Norte, está no pacote. Mas ainda não foi decidido se ela será vendida com ou sem a mobília comprada com dinheiro da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) — entre lixeiras de R$ 1 mil reais e quadros estimados em R$ 20 mil. “Estudamos a possibilidade de aproveitar alguns objetos, como as obras de arte para a Casa de Cultura da América Latina (CAL) ou os Institutos de Artes da UnB”, explicou Teatini. O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), Luís Carlos Attié, estima que uma cobertura como a do ex-reitor custe R$ 3 milhões. No entanto, segundo o decano de finanças, com a mobília e as reformas — churrasqueira, piscina e sauna — esse valor pode chegar a R$ 5 milhões. Só na 310 Norte são 72 apartamentos da UnB, entre coberturas e imóveis de três e quatro quartos. A idéia é trocá-los por outros menores. “A inclusão de bens de luxo no patrimônio surpreendeu a todos, pois esses imóveis não são rentáveis. Cinco apartamentos de R$ 600 mil rendem muito mais do que uma cobertura de R$ 3 milhões — que tem o aluguel em torno de R$ 5 mil”, frisou Teatini. Segundo ele, ainda não há manifestações de interesse do mercado imobiliário pelos imóveis. “Ainda é cedo e não decidimos se serão vendidos ou trocados”, ressaltou. A renda bruta oriunda dos imóveis representa, em média, 7% do total arrecadado pela UnB — cerca de R$ 300 milhões anuais. Entre as obras que concorrerão à verba recuperada estão o Instituto de Ciências Biológicas e a recuperação da Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão. Mas Teatini garante que o HUB é destino certo. O pronto-socorro do hospital, com rachaduras e infiltrações nas paredes, deve ficar fechado por seis meses. Especialistas apontaram risco de desabamento. O motivo: falta de manutenção da rede de água e esgoto.

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