Apartamentos como o da 310 Norte, onde morava o ex-reitor Timothy Mulholland, serão vendidos ou trocados por outros de menor valor
Pablo Rebello
Da equipe do Correio
Breno Fortes/CB/D.A Press - 20/5/08 |
Home cinema do apartamento funcional do ex-reitor Timothy Mulholland: um dos itens da decoração que custou R$ 470 mil, pagos pela Finatec |
Minervino Júnior/Especial para o CB/D.A Press |
Balthazar: auditoria descobriu gratificações de R$ 12 mil |
O apartamento anteriormente ocupado por Timothy Mulholland, na 310 Norte, está fechado desde 12 de fevereiro, quando o ex-reitor o deixou sob pressão. Dentro encontram-se móveis, eletrodomésticos e outros objetos pagos com recursos públicos da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finatec). Foram R$ 470 mil gastos em um home cinema (R$ 36,6 mil), taças de vinhos e copos de uísque (R$ 4,5 mil), telas artísticas (R$ 21,6 mil), entre outros itens de luxo. O Conselho Diretor da UnB ainda não decidiu o que será feito com a decoração do imóvel. Existem propostas para venda do apartamento todo mobiliado, de aproveitamento dos móveis na própria universidade e de leilão dos objetos.
Editora da UnB
Resultados parciais de auditoria realizada por uma força-tarefa do Tribunal de Contas da União (TCU), Corregedoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Federal e Polícia Federal revelaram novas irregularidades na Editora da UnB. Além da assinatura de contratos milionários sem ligação com atividades acadêmicas, as investigações descobriram o pagamento de gratificações de até R$ 12 mil a prestadores de serviços e a entrega de senhas do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que permitem a movimentação de recursos do Orçamento da União, a pessoas que não pertencem aos quadros da UnB.
As irregularidades encontradas na editora chocaram a nova gestão da instituição, que considerou a situação crítica. Um corte promovido pela reitoria resultou no afastamento de 37 prestadores de serviço da editora. A demissão proporcionou uma queda de 43% na folha de pagamento. O dinheiro reservado para pagar os servidores e tercerizados no fim do mês caiu de R$ 292 mil para R$ 167 mil. “Havia gratificações de até R$ 12 mil em cima do salário, que é muito mais do que ganha o reitor pela função que exerce”, revelou o vice-reitor.
Sobre a desvirtuação do uso das senhas do Siafi, o vice-reitor afirmou que elas foram entregues a estranhos por pessoas autorizadas dentro da editora e da UnB, mas não deu detalhes. “Tudo está registrado nos computadores, que estão sendo investigados pelas autoridades competentes”, resumiu. A senha permite a realização de qualquer tipo de movimentação financeira, desde o pagamento de contas até o desvio de recursos orçamentários. O vice-reitor contou, no entanto, que a situação já havia sido levantada por uma auditoria interna da gestão anterior. Mas que nenhuma providência chegou a ser tomada.
Muitos dos contratos firmados pela Editora da UnB não tinham qualquer ligação com a atividade acadêmica. Na prática, a editora funcionava como uma agência de captação e gerenciamento de recursos. “Para se ter uma idéia da distorção das funções, uma editora que trabalharia com a publicação de materiais bibliográficos tinha contratos da ordem de R$ 1,7 milhão”, exemplificou o vice-reitor. Os 66 projetos firmados pelo órgão atualmente totalizam o montante de R$ 93,5 milhões.
Desse dinheiro, R$ 12 milhões se referiam a cursos, treinamentos e escolas de línguas, mais R$ 12 milhões vinham de contratos de cursos a distância e os R$ 67 milhões restantes pertenciam aos chamados projetos especiais. Os contratos eram firmados principalmente com órgãos governamentais, como a Presidência da República, diversos ministérios e com o Governo do Distrito Federal. Apesar das irregularidades, o vice-reitor garantiu que todos os contratos firmados serão cumpridos até o fim. “Mas não aceitaremos mais projetos que não atendam o ambiente acadêmico”, esclareceu Balthazar.
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