POST DO PROF. VERDESIO
Meus caros:
Co-governo universitário só existe na América latina em Universidades influenciadas pelo Movimento de Córdoba. Em nenhum lugar do mundo há co-governo com funcionários. No caso, que conheço bem é o lugar onde me formei: a Universidade pública do Uruguai. O co-governo existe desde 1958 (50 anos !). O claustro geral nomeia Reitor por voto dos representantes dos professores, estudantes (28 % dos delegados) e formados pela Universidade. Ninguêm pensou no Brasil que esta categoria deveria ter alguma participação ?
O resultado deste co-governo é uma estrutura de poder fundamentada somente no ideario político, geralmente de esquerda. Os dirigentes estudantis são estudantes eternos que ficam 10, 15 anos "estudando" e, finalmente, se algum dia se formam (muitos não o fazem), entram na carreira política.
Ou seja um belo trampolim para fazer uma carreira política que se fosse feita na sociedade externa à Universidade não teria nenhuma chance de suceso. Alguns, como o atual presidente do Uruguai, um bom oncologista fez este percurso pela via da militância no corpo dos professores. É um rarísimo exemplo de competência que não deve fazer esquecer que há milhares de militantes universitários como ele incrustados na estrutura de poder da Universidade durante décadas e completamente nulos academicamente.
Se quiserem saber como é no resto do mundo é fácil. É só consultar os portais universitários na parte administrativa. Ali verão que o modelo americano dominante é o da eleição e o comando da Universidade estatal dada a representantes externos de notáveis da sociedade, contribuidores financeiros e autoridades estatais. Estes Conselhos mandam e elegem reitores no mercado laboral do país inteiro procurando profissionais competentes como adminidtradores de Universidades. Não necessitam ser sumidades sientíficas. Aliás quase nunca o são. Na Europa continental latina dominam um sistema de co-governo com representações mínimas dos estudantes e funcionários. Recentemente tem havido uma uniformização do sistema com criação de conselhos comunitários onde empresários, movimentos sociais, gobvernos locais participam no controle das finanças e cumprimento dos propósitos da univerisdade, isto é: criar e difundir conhecimento. No Reino Unido o modelo é quase monárquico onde o Reitor é vitalício que nomeia um vice-reitor sendoe este quem realmente faz as coisa. Algo similara ao sistema parlamentar britânico com a rainha e o primeiro Ministro. Em Oxford quem nomeia é o conjunto de formados pela universidade com pelo menos Masters of Arts.
Por favor se informem e meditem.
Porque será que no resto do mundo não tem jabuticaba ?
Se querem ver o resultado do co-governo visitem algumas universidades latinoamericanas e vejam o estado deplorável em que estão.
Quando vou no Uruguai e vejo ex-colegas meus comandando a Universidade sem ter tido nenhuma produção académica relevante, sem nem sequer um mestrado, nen nenhum curso de administração, sinto bastante vergonha. Quando vejo os representantes dos estudantes nos claustros tão corruptos como os professores que estão sendo acusados aqui hoje também tenho vergonha. O manifesto do Antunez tem uma frase que me fez rir a gargalhadas: os estudanets são puros, não tiveram tempo de serem corrompidos. Bom agora sim, alguns deles vão ter tempo de se corromper, quando peguem as redeas do poder se deixarmos que aconteça.
Não quer dizer que não existam sumidades sem diplomas como o estudante de engenharia que ganhou vários prémios internacionais com seus projetos. Mas estas exceções tem um custo altísimo para o país. anos e anos de autodidatismo não é a melhor forma de construir conhecimento.
Não se deixem levar pelo populismo barato. Vamos criar algo novo mas que não seja um trampolim de politiqueiros baratos. O que temos que criar não é uma Câmara de veradores. São novos sistemas de controle e de fiscalização com forte participação da sociedade em todos os seus setores que nos controlem e que se interesem pelo que fazemos.
Primeiro se informem, depois pensem e vejam que o que se está falando de co-governo paritário é uma verdadeira asneira. A universidade tem um objetivo como outras instituições com fim como a Polícia, os hospitais ou as empresas privadas. Em nenhum caso destes há co-governo. Porque será ?
Prof Juan José Verdesio
FAV-GEA
Email verdesio@unb.br
POST DO PROF VANNER
Prezado Prof. Juan Verdesio
Não quer dizer que o melhor para os americanos seja o melhor para nós. Esse seu pensamento me parece de um colonizado macaqueando o colonizador. Nem nossas tradições e nossos sistemas de controle podem ser comparados aos países que tiveram alguns séculos de história de civilização à nossa frente. Países com histórias políticas muito diferentes da nossa. É como compararmos dois times, um de futebol de campo e outro de futsal (que aliás foi magistralmente inventado em seu amável país).
Lembre-se, caro professor, das diferenças entre as nossas trajetórias políticas e daqueles países que o senhor cita como exemplos.
Lembra-se da brutal repressão que assolou o Brasil e em especial o Uruguai naqueles anos que as universidades estavam florescendo, tentando encontrar o seu caminho?
Não estamos ainda contruindo a nossa democracia depois dos anos de chumbo?
Não fomos sufocados e amedrontados por uma máquina político-policial cruel de repressão?
O senhor acha que a liberdade de escolha de nossos próprios caminhos como universidade e como nação devem ser delegados à quem estava apenas se formando neste tempo todo como um técnico-em-burocracia aducacional?
Não se pode descartar estes fatos para defender um sistema diferente da paridade; aliás, o senhor não chega a propor claramente qual a melhor alternativa.
Ademais, para qual realidade que a ciência naqueles países estão voltadas? Será que estão prodiuzindo soluções para os nossos problemas? será que estão produzindo estratégias clinicas para a dengue, para a malária, para as arboviroses cotidianas dos nossos países. Será que estão pesquisando a origem das línguas indígenas, a evolução do homem sul-americano e cultura popular dos gauchos dos pampas? Será que estão produzindo tecnologia alternativa para a crise dos combustíveis ou tecnologias para a prospecção de petróleo profundo adaptados às nossas condições marítimas?
Na era do conhecimento o senhor defender que não existam estudantes ou técnicos capazes de construir um ambiente co-responsável e participativo é uma aventura cega conservadora.
Será que temos que experimentar um regime de escolha de um "notável" para dirigir a UnB ou qualquer universidade pública brasileira? Talvez, ao delegar tais poderes, este alguém possa na sua sapiência decidir qual e quem faz pesquisa. O senhor quer esperimentar isso? O senhor gosta da liberdade de pensamento e de expressão que caracteriza qualquer universidade européia?
Exmplos: Talvez tenhamos que pedir para o Prof. Nagib trabalhar com cana-de-açúcar para suprir em tecnologia o indústria sucroalcooleira. Talvez o Prof. Marcelo H-L tenha que parar de produzir blogs defendendo idéias polêmicas, para que se dedique integralmente ao afazer de classes e pesquisa em estresse oxidativo (já pensou? o senhor não poderia estar difundindo as duas idéias sobre o voto para reitor). Talvez o Prof. Antunes deveria parar de produzir músicas aparentemente dissonantes e se dedicar somente ao classicismo ou ao estudo da música barroca no Brasil. Dependeria do gosto do "notável".
Talvez fosse um racista ou xenófobo, saudosista dos tempos em que invadíamos e éramos invadidos por nosso irmãos uruguaios, cometendo atrocidades como degolas, estupros e abigeato.
Já pensou?
O senhor esquece de por em prática um pensamento dialético: "e se não for como eu penso"?
O senhor atribui de forma superficial, para não dizer maliciosa, as mazelas do ensino na America do Sul ao sistema de escolha de seus dirigentes. A culpa é da "esquerda". Um grande equívoco conceitual de escassa base autocrítica, pré-concebido e pré-moldado.
O seu pensamento linear, é obliterado pela convicção unilateral de que somente a escolha de notáveis, nobres, sábios, incorruptíveis, puros, sacrossantos e apoliticos poderiam ocupar a reitoria da UnB. Se existem tais sujeitos, por favor, gostaria muito de conhecê-los, ainda em vida. O senhor conhece?
Vanner
CFS/IB/UnB
vanner@unb.br
RÉPLICA DO PROF VERDESIO
Caros:
Resposta aos comentários. Não respondo a anônimos nem a encapuzados embora o homem verde tecesse uns comentários bem interessantes. Concordo com ele sobre quem deveria gerenciar uma Universidade. Se o gerenciamento universitário fosse dado a um bom administrador, controlado por Tribunais de contas e/ou conselhos comunitários, boa parte dos problemas atuais estariam resolvidos.
Também quero lhes pedir desculpas pelos erros de português cometidos ou a cometer. Desta vez redigi este texto com corretor ortográfico e gramatical para me ajudar com meus deslizes “pampísticos” (inventei esse termo).
Responderei ao Prof. Vanner. Bom, parece que além dos inimigos que certamente ganhei no Uruguai com as minhas apreciações sobre o co-governo da UDELAR estou ganhando inimigos por aqui.
Em primeiro lugar gostaria de deixar bem claro que nem eu nem muitos de nós da comunidade interna universitária temos a solução de como seria a melhor forma de eleição de autoridades e a administração geral de universidades estatais. A solução será encontrada por conversas civilizadas entre nós com muita colaboração de pessoas que tenham tido experiências de fora do país e de fora da Instituição chamada Universidade.
Todos nós necessitaríamos sair um pouco do ambiente acadêmico, fazer estágios em outras organizações para ver como é que se gerenciam conflitos e se atingem metas fora de nossa torre de marfim. Felizmente tive experiências de trabalho diversas fora da Universidade estatal e posso lhes dizer, junto com o homem verde, que não são os problemas da “latinidade” que fazem que não possam ser feitas reuniões de meia hora, como ele cita. A causa de nossa ineficiência administrativa em instituições estatais está mais ligada com: a falta de cobrança, a falta de planejamento e a falta de punição por erros cometidos. Posso lhes dizer isto porque já trabalhei em cargos executivos em empresas de engenharia nacionais e internacionais, como técnico de uma multinacional, em empresas privadas uni-familiares e de sociedade anônima, em instituto de pesquisa estatal com organização militar e noutro com uma organização maravilhosa e até em consultorias em organismos internacionais.
Em nenhum momento afirmei que as autoridades de uma Universidade devam orientar o que e como pesquisar se a Universidade integra ensino-pesquisa-extensão. Os países desenvolvidos estão resolvendo os seus problemas e gostaria muito que nós também fizéssemos o mesmo. A diferença está em que alguns deles se organizaram para fazer isto de uma maneira mais eficiente do que nós. Outros nem tanto.
Portanto o que falei sobre as Universidades estrangeiras não era para dizer que a solução está na nossa frente: vamos nos administrar como o Massachusset Institute of Technology ou como a Universidade de Grenoble onde fiz o meu Doutorado na França.
No Brasil, por enquanto, é impossível ter administrações fortemente influenciadas pelos financiadores como o MIT que, além do Estado integra poderosas firmas transnacionais de eletrônica, informática, engenharia além das indústrias de armamento. Isto porque não temos estes complexos industriais. Nem como as francesas que são totalmente dominadas pela burocracia estatal geralmente super centralizada em Paris. O modelo francês é muito mais vertical do que o nosso. Além do mais o sistema estatal universitário está fortemente influenciado em orientações de pesquisa e financiamentos dados pelo complexo estatal e privado da defesa, da energia nuclear, da saúde, e da indústria alimentar.
A solução do impasse atual vamos ter que encontrá-la pelo diálogo , a discussão e a difusão da informação disponível sobre outras experiências. Eu só sei que tem formas de governo que não deram certo e que é melhor esquecê-las. Politizar ainda mais a vida universitária por eleições ou governos paritários não deu certo em outros lugares. Vamos tentar outras formas que diminuam a politização, não que a acentuem.
Um dos problemas fundamentais da Universidade do século XXI aqui, na China ou no Reino Unido e como arrecadar recursos para financiar o ensino e a pesquisa numa sociedade cada vez mais tecnificada em que custa cada vez mais caro ter saúde, aposentadoria, ou ensinar. Os recursos possíveis de serem arrecadados da sociedade com impostos e taxas, mesmo que muito bem administrados (que não é o nosso caso) são cada vez mais escassos. Todas as Universidades estatais, no mundo inteiro, e de melhor desempenho tem mecanismos de captação de recursos junto a o setor produtivo de qualquer escala e/ou de qualquer forma de propriedade (estatal, privada, transnacional). Podemos conseguir recursos em parte como o Estado, em parte com a Petrobras, em parte com a Votorantim, em parte com o sindicato de produtores rurais de Brejo da Cruz. As necessidades de formação profissional e/ou de pesquisa são cada vez maiores e o mundo futuro será o da formação e inovação contínua.
Se conseguirmos convencer os atores externos a nos financiar vai ter que dar a eles alguma forma de poder e/ou controle de como se usam estes recursos. As formas organizacionais fechadas à comunidade interna da Universidade não terão vez no século XXI. Isto já foi percebido pelas Universidades européias que eram muito fechadas em si mesmas como as italianas e espanholas. Eles já perceberam que tem que ser mais abertas. Tenho um filho que está estudando na Universitat Pompeu Fabre em Barcelona. É uma Universidade da Comunidade Catalã, financiada em parte por ela. Todos os estudantes pagam matrícula. Há sistemas compensatórios muito bons com Bolsas para os menos carentes. Os que podem pagar, pagam mesmo. Os que não podem são compensados pelas Bolsas e outras maneiras de incentivo. Ninguém que quer estudar fica de fora. Onde ele estuda, a Escola de Desenho Elisava tem uma parceria muito forte com a BMW, Hewlett Packard, Cruz vermelha, Seat, Decathlon, Prefeitura de Barcelona, Derbi, Grupo Bassat Ogilvy e Fira de Barcelona. O resto da Universidade é similar, mas com outras parcerias e/ou financiamentos. Pelo empolgamento com que ele me fala desta unidade de ensino estou a pensar que ali podemos ter alguns indicativos de formas possíveis de sair do buraco politizante em que nos podemos meter caso exista o co-governo paritário.
Finalmente, caro Vanner, o impulso de morte e o impulso de vida estão em todos nós como nós ensinou Sigmund Freud. A civilização foi encontrando mecanismos para controlá-los e domesticá-los. Nos primeiros tempos foi a religião que puniu Caim quando matou Abel. Depois vieram os sistemas monárquicos, os deuses delegando seu poder punitivo aos reis. Depois inventamos a democracia com os poderes separados que antes estavam centrados no monarca. Hoje temos todos os mecanismos e as instituições para fazer com que nossa humanidade seja menos selvagem. Podem não funcionar muito bem, mas os temos aí. Os homens serão sempre potencialmente corruptos e homicidas. O desejo de ter o que o outro tem, desde o/a amante do outro/a até seu bolso é da natureza humana. Felizmente vivemos em tempos em que existem formas de controle. O reitor eleito por notáveis ou qualquer forma de eleição terá que se submeter a controles também.
Rejeito a eleição paritária porque só elegerá pessoas que atendam aos interesses corporativos do grupo que seja mais forte. Se os estudantes são mais fortes nos Conselhos e/ou nas eleições votarão a cola universal como foi proposto em recente debate pela paridade. Se forem os professores elegerão que o acolha melhor. Os funcionários votarão por aumentos salariais e menos horas de trabalho. O primeiro que virá a tona num co-governo são os interesses particulares. Assim é nos lugares onde ele existe e assim será aqui.
Vamos pensar noutras formas que não seja nos fechar em nós mesmos. Vamos pedir a colaboração a pessoas de fora, a instituições de fora, aprender com elas. Vamos tentar nos integrar a nossa sociedade e não nos isolar ainda mais.
Vanner diz que atribuo o desempenho pífio das universidades latino-americanas ao co-governo. Não quis dizer isto. Um empecilho fundamental é o co-governo. Além do mais tem os que citei antes: a falta de fontes de financiamento que não sejam só estatais, e a pouca integração com o mundo econômico do país. Outra irracionalidade é o ingresso irrestrito que tinha algum sentido em 1918, época da Revolta de Córdoba. Hoje entram, por exemplo, 500 alunos no primeiro ano, 200 desistem anos primeiras provas e se formam 50. Ainda assim são muito mais do que o mercado necessita. Temos médicos pintores de parede, taxistas etc. Uruguai forma 100 arquitetos por ano numa média de 11 anos de estudo num país de 3 milhões de habitantes.
24 de Maio de 2008 20:25
Blogger Juan José Verdesio disse...
Esqueci de replicar o comentário do Vanner sobre: "Será que temos que experimentar um regime de escolha de um "notável" para dirigir a UnB ou qualquer universidade pública brasileira? Talvez, ao delegar tais poderes, este alguém possa na sua sapiência decidir qual e quem faz pesquisa. O senhor quer esperimentar isso?"
Isto é o que vai acontecer se for instaurado o co-governo no modelo que foi adotado no Uruguai ou Argentina.
Conheço bem o do Uruguai porque estudei lá e vi ele se estruturar. Por este modelo, como falei há cogoverno tripartite professores, estudantes e formados. Oque aconteceu lá. Diversos grupos políticos de esquerda se articularam e brigaram entre si para "tomar o poder" como escuto aqui nos corredores da UnB, lá perto do fim da ICC Norte no subsolo. Tomaram o poder até hoje. Os cargos dos professores são renoáveis a cada 5 anos, renovação esta que não é feita por nenhuma avaliação de desempenho como as que temos por aqui. A avaliação é feita nos Conselhos tripartites de cada unidade e o professor continua ou não no cargo se agrada a maioria das três categorias. Eu vi ser expulso um professor de Genética porque era muito conservador e consultor de fazendeiros latifundiários. Eu vi escutei as discussões e não imaginação. Lembram da revolução Cultural na China ? Era o mesmo espíritu e o mesmo objetivo. Criar um pensamento majoritário e banir tudo o que não era "politicamente correto" O resultado é que perdí um excelente professor de genética muito atualizado que tinha estudade em universidades americanas o que era, na época, um pecado sem perdão.
Repito outra vez: não estou sugerindo que sigamos os modelos franceses, ou espanhois ou britânicos ou norteamericanos. Estou sugerindo que aprendamos com eles e entendamos proque deram mais certo do que nòs. Não gostaria de ouvir que o problema é de recursos porque esta é só uma parte do problema. O que nós temos que fortalecer são os mecanismos que foram criados pelo Estado democrático de Direito para dirimir conflitos e para domesticar algo que nasceu com o Homem que é o desejo de ter o que o outro tem. temos que domesticar melhor a violencia mimética sem mecanismos autoritários geradores de neurose. Hoje morreu Roberto Freire que falou e escreveu muito sobre a criação de neurose pela represão em sistemas sociais dominados por dogmas religiosos, etc.
Por outro lado a liberdade absoluta de pesquisar e ensinar o que bem entender tem certos limites que são determinados por quem financiae ou quem recebe os serviços educativos. Não tem como ser diferente. Einstein criou o corpo principal de seu pensamento em delirios imaginativos chateado num Escitório de patentes. Para iso só necessitou papel e lapiz. Como vocês acham que vamos combater a AIDS (SIDA para ser politicamente correto)? Vamos ter que pedir dinheiro e isso exige contrapartida. Não existe mais a figura do cientista aloprado criando coisas na garagem. O que é dificil hoje é conseguir o equilibrio entre a liberdade de pensar e criar e as condicionantes que te cria quem financia as tuas pesquisas ou a tua aula.
Volto ao MIT. Onde Noam Chomsky ensina? No MIT ele fala mal do Poder executivo americano, mete pau em tudo o que é de direita, é idolatrado pelas esquerdas latinoamericanas. Trabalah onde? Na maior e mais cotada Universidade do mundo que é financiada pelo complexo militar do governo americano.
Vamos ver como funciona para ver se aprendemos alguma coisa ?? Vamos deixar de usar chavões como o que escuto também nos corredores e nas assembléias de que a UnB está "dominada pelos intereses do grande capital". Se assim fosse estariamos certamente com muitos mais recursos e salários idem. Usemos a cabeça, esqueçamosa s ideologais de direita ou de esquerda. Despolitizemos o discurso e a ação e ai começaremos a criar algo novo. Em resumo: dialoguemos e não briquemos. Estudemos os prós e os contras de cada opção. Fortaleçamos os mecanismos e sisetmas de controle contra os desmandos sem chegar a criar um mostrengo burocrático.
RÉPLICA DO PROF. VANNER
Prezado Prof. Verdesio
É agradável debater com o senhor. Espero ainda conversar longamente, cevando um mate, sobre estas e outras tantas questões. Não vou me estender aqui, agora. Mas me chamou a atenção nas suas palavras que talvez nos remeta ao fulcro da questão "Vamos ter que pedir dinheiro e isso exige contrapartida... O que é dificil hoje é conseguir o equilibrio entre a liberdade de pensar e criar e as condicionantes que te cria quem financia as tuas pesquisas ou a tua aula". Exatamente assim penso, com uma exceção: não vamos pedir dinheiro; quem nos financia é quem servimos (a população). Então, se a população quer mais qualidade de ensino, que divida conosco esta tarefa de exigir do Estado mais verbas e de interferir (pelo voto) na própria Instituição para uma melhor aplicação das verbas que chegam. Voltando ao que concordamos por princípio (mas em óticas diferentes). E me desculpa o reducionismo: se quem me paga é o público (o dinheiro dos nossos impostos, dos impostos pagos pelo aluno, pelos pais dos alunos, funcionários da UnB e assim por diante), então o meu comprometimento deve ser com o público. A minha pesquisa, o meu ensino deve ser socialmente referenciada e ser de qualidade máxima, pois somos contratados pela República para servi-la; ao não fazer o melhor, o docente não estará prejudicando o dono da empresa, ou um grupo de sócios, mas o conjunto de cidadãos que pagam (e muito) impostos neste país. É para eles que servimos.E devemos por princípio fazer o melhor, produzir o melhor.
Quem avalia a nossa produtividade, a qualidade de nossa pesquisa e qualidade do nosso ensino?
Os colegiados como instância imediata; os comitês como instância para trabalhos especiais que possamos oferecer. Mas se o que devemos oferecer é um serviço público de qualidade, é moralmente justo que tenhamos nos colegiados, e na reitoria alguém que receba uma representação para fiscalizar e gerar qualidade; alguém que possa representar DIRETAMENTE o "público" nas instâncias de fiscalização, avaliação, direcionamento de rumos e melhor aplicação do dinheiro gerado pelos altos impostos deste país. A escolha por voto paritário aproxima muito o público do servidor público (nós, docentes), no caso da UnB.
Não acho moralmente aceitável conduzir pesquisas financiadas por entidades privadas que possam carrear grandes somas de dinheiro a algum laboratório e aos bolsos do próprio pesquisador, que é um servidor público. Não acho moralmente justificável, utilizar uma estrutura pública (a Universidade), um tempo de trabalho público, um salário público, para vender ensinamentos cujos ganhos auferidos vão parar em bolsos privados.
O que é dos outros não se mexe, já dizia a minha avó. O que é público, não pode ser apropriado.
A iniciativa privada no Brasil está rapidamente crescendo na geração de ciência. Este é o momento, uma excelente oportunidade de profesores e pesquisadores que querem gerar ganhos extraordinariamente altos de se engajarem na consolidação deste nicho de mercado. E tornarem-se merpesários eles emsmos. Quantos exemplos temos lá na América do Norte e em outros tantos países economicamente fortes. Pesquisadores, inventores, descobridores, escritores, etc que se lançaram na administração privada dos seus conhecimentos e se tornaram profissionais de sucesso.
Se pessoas as vezes com pouco mais do algum curso técnico no Brasil se tornam grandes empresários, que dirá de professores com formação acadêmica requintada e altamente especializada.
É uma questão de opção de nicho a ser ocupado. Se resolver ser professor de uma universidade pública, devo ser um servidor público e bem utilizar o dinheiro público, ser fiscalizado,administrado por alguém com o mesmo compromisso. Se não estou submetido a um controle mais direto (que pode ser PARCIALMENTE feito pelo voto paritário) então meus possíveis erros, meus possíveis descaminhos como servidor público serão fiscalizados por esferas fora da UnB, como por exemplo, MPDFT , CGU, Polícia Federal, Justiça Federal ....
Não é isso o que está acontecendo na UnB?
domingo, 25 de maio de 2008
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