quinta-feira, 8 de maio de 2008

Paulo César Nascimento

A Chapa 1 ADUNB PARA OS PROFESSORES, como o próprio nome indica, tem
como seu eixo central a defesa dos interesses da classe docente da
UnB. É uma chapa de composição plural, e por isso mesmo comporta
opiniões diversas sobre vários temas relacionados com a atividade da
UnB. Nesse sentido, o que vou escrever aqui reflete miha opinião
particular, apesar de ser membro suplente da Chapa 1.

Causa-me preocupação algumas opiniões emitidas pela profa. Rita
Segato, que encabeça a chapa 2 ALTERNATIVA LIVRE, divulgadas no
Correio Braziliense de 6/5/2008 . Se essas opiniões refletem realmente
o pensamento da professora, então temos aqui uma série de questões que
merecem ser debatidas.

A professora Segato parece ter uma opinião muito romantizada do
movimento estudantil brasileiro. A idéia de que os estudantes da UnB
deram uma lição de mobilização e participação aos professores tem que
ser qualificada. Certamente, os estudantes mostraram sua habitual
energia e dinâmica política, o que é importante para melhorar o grau
de transparência que uma administração de ensino deve ter. Ainda
assim, junto com essa contribuição inegável e decisiva para o
afastamento da direção anterior da UnB, os estudantes mais uma vez
demonstraram vícios que têm historicamente marcado o movimento
estudantil e a UNE.

O primeiro desses vícios é uma intransigência e um autoritarismo que,
mesmo descontando o natural ardor juvenil, não podemos deixar de levar
em conta. Ocupar uma reitoria em pleno regime democrático, quando
existem diversos meios de protesto, já é uma atitude que no mínimo
deve ser encarada com cautela. Mas pior que isso, apoiando-se na força
dos números (embora a participação efetiva comporte um número
irrisório do total de estudantes da UnB), o movimento estudantil ficou
alegando que queria negociar, mas passou todo o tempo de uma
reivindicação a outra, da saída do reitor ao congresso estatuinte,
deste para a paridade, etc., etc, sem transigir em nada. E agregue-se
a isso a pressão e as agressões verbais que os ativistas estudantis,
apoiados é claro por alguns professores inconformados por terem
perdido o bonde de 1968, demonstraram a cada reunião do CONSUNI. A
ocupação pode dar a impressão de que acelerou os acontecimentos, e
provavelmente isso é verdade, mas o barato sai caro: a lógica da
ocupação ajuda a criar uma cultura de intransigência, menosprezo ao
funcionamento de estabelecimentos públicos e desprezo à justiça.

Os professores, ao contrário da opinião vigente, demonstraram uma
posição muito mais madura em todo o "affair" Timothy. Quando as
acusações vieram à tona na mídia, deram ao ex-reitor o benefício da
dúvida, votando por grande maioria contra a demissão sumária, sem
direito a defesa, exigida por estudantes e professores radicalizados
(muitos dos quais hoje na chapa 2). Somente quando o volume e o
aprofundamento das denúncias dirimiram as dúvidas, a opinião da
maioria dos professores a respeito da permanência do reitor modificou-
se. Esta foi, a meu ver, uma atitude muito mais ponderada e razoável
do que o radicalismo histérico de alguns.

E finalmente, a Chapa 2 declara-se a favor da paridade. A profa.
Segato declara que o sistema paritário faria o voto de cada professor
equivaler ao de 17 ou 18 alunos. Mas não está explicado se a paridade
defendida pela Chapa 2 é a de 33% sobre o total dos estudantes ou
somente sobre os votantes. Seja como for, a profa. Segato parece
confundir a votação cidadã, que se dá no espaço público, com a escolha
de dirigentes em estabelecimentos que devem se pautar por hierarquia.
É uma transposição ilícita da lógica do voto democrático, que elege um
presidente ou um governador, para a escolha do representante máximo de
uma instituição como a universidade, onde os professores têm
responsabilidades bem maiores que os demais segmentos e por isso mesmo
devem ter representatividade adequada à importância do papel que
desempenham.

Ao fim e ao cabo, os membros da Chapa 2 precisam decidir se querem ser
eleitos para o DCE estudantil ou a Adunb. Os professores não estão em
busca de modismos ou atitudes "tchan", como o próprio nome da Chapa 2
inapelavelmente revela ("alternativa livre"! O que é isso? Nenhuma
alternativa é completamente livre, na medida em que as alternativas se
desenvolvem em um contexto que restringe as escolhas. Ou será que a
chapa 2 acha que pode representar uma alternativa sem quaisquer
impedimentos, restrições, concessões?). O que realmente necessitamos é
de uma direção sindical que dialogue com os outros segmentos da
universidade, mas que essencialmente esteja voltada para a categoria
que representa. Uma Adunb, enfim, PARA OS PROFESSORES.

Paulo César Nascimento
Professor adjunto I do Instituto de Ciência Política, UnB

Um comentário:

Giro Politico disse...

OLA EU FAÇO DIREITO EM ANAPOLIS QUERO TRANSFERI PARA CIÊNCIAS POLÍTICAS ,SOU PRESIDENTE DO PARIDO SOCIAL CRISTÃO DE CAMPO LIMPO DE GOIAS COMO FAÇO MEU EMAIL E :paulohenrique1791@hotmail.com
ABRAÇO