sábado, 31 de maio de 2008

Imóveis da UnB e os excessos

Imobiliária UnB
Dona de mais de 2 mil imóveis no Plano Piloto, universidade espera arrecadar R$ 40 milhões com a venda de 30 apartamentos de alto padrão
João Campos Da equipe do Correio
O escândalo provocado pela requintada decoração da cobertura ocupada pelo ex-reitor Timothy Mulholland apressou a decisão da Universidade de Brasília de vender ou trocar cerca de 30 imóveis de luxo. Proprietária de 2.175 imóveis, entre apartamentos funcionais ou para locação e salas comerciais no Plano Piloto, a UnB espera arrecadar cerca de R$ 40 milhões com a negociação, prevista para meados do segundo semestre. O dinheiro arrecadado com a venda ou permuta de imóveis será aplicado em prédios destinados à atividade acadêmica. O Hospital Universitário de Brasília (HUB), interditado desde o último dia 15, é prioridade no investimento. Segundo o decano de Administração e Finanças da UnB, João Carlos Teatini, o levantamento dos imóveis que deverão ser leiloados ou permutados deve ficar pronto até o fim da próxima semana. A base para considerar o imóvel de luxo levará em conta o piso de R$ 1,5 milhão. “Temos coberturas que podem chegar a R$ 4 milhões. O levantamento é complicado, pois não podemos fazê-lo pela área do imóvel: há muitos apartamentos de quatro quartos que estão velhos e não são de luxo”, explicou o decano. A cobertura de 400 metros quadrados utilizada pelo ex-reitor Timothy Mulholland, na 310 Norte, está no pacote. Mas ainda não foi decidido se ela será vendida com ou sem a mobília comprada com dinheiro da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) — entre lixeiras de R$ 1 mil reais e quadros estimados em R$ 20 mil. “Estudamos a possibilidade de aproveitar alguns objetos, como as obras de arte para a Casa de Cultura da América Latina (CAL) ou os Institutos de Artes da UnB”, explicou Teatini. O presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), Luís Carlos Attié, estima que uma cobertura como a do ex-reitor custe R$ 3 milhões. No entanto, segundo o decano de finanças, com a mobília e as reformas — churrasqueira, piscina e sauna — esse valor pode chegar a R$ 5 milhões. Só na 310 Norte são 72 apartamentos da UnB, entre coberturas e imóveis de três e quatro quartos. A idéia é trocá-los por outros menores. “A inclusão de bens de luxo no patrimônio surpreendeu a todos, pois esses imóveis não são rentáveis. Cinco apartamentos de R$ 600 mil rendem muito mais do que uma cobertura de R$ 3 milhões — que tem o aluguel em torno de R$ 5 mil”, frisou Teatini. Segundo ele, ainda não há manifestações de interesse do mercado imobiliário pelos imóveis. “Ainda é cedo e não decidimos se serão vendidos ou trocados”, ressaltou. A renda bruta oriunda dos imóveis representa, em média, 7% do total arrecadado pela UnB — cerca de R$ 300 milhões anuais. Entre as obras que concorrerão à verba recuperada estão o Instituto de Ciências Biológicas e a recuperação da Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão. Mas Teatini garante que o HUB é destino certo. O pronto-socorro do hospital, com rachaduras e infiltrações nas paredes, deve ficar fechado por seis meses. Especialistas apontaram risco de desabamento. O motivo: falta de manutenção da rede de água e esgoto.

MP investiga contratos em SC

MP investiga contratos em SC -->Renato Alves Da equipe do Correio
Finatec: contratos de R$ 1 milhão para elaborar planos diretores de 20 municípios catarinenses. Pivô dos escândalos que puseram fim à administração Timothy Mulholland , a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) continua na mira do Ministério Público do Distrito Federal (MPDF). Os promotores agora se concentram nas relações de pelo menos 20 prefeituras com a entidade ligada à Universidade de Brasília (UnB). Alguns dos contratos que chamam a atenção foram firmados com prefeituras de sete municípios catarinenses. Todos, por meio de um pesquisador da instituição de ensino superior e de uma política do Democratas (DEM), segundo processo aberto na capital do país. Apresentando-se como representante da Finatec, o casal de consultores Gileno Schaden Marcelino e Romanna Remor fechou contratos de R$ 1 milhão para elaborar os planos diretores de Urussanga, Braço do Norte, Siderópolis, Treviso, Lauro Müller, Orleans e Cocal do Sul. Em pelo menos uma das cidades catarinenses, não houve concorrência. Alegando “notório saber e especialização” da Finatec, a prefeitura de Braço do Norte dispensou licitação e repassou R$ 185 mil à fundação, maior valor entre as administrações catarinenses. Apesar de terem sidos assinados com a Finatec, os contratos foram executados pela empresa de consultoria M2R, pertencente a Romanna. A ponte de Romanna com a fundação era feita pelo marido dela. Pesquisador da UnB, Marcelino acertou a participação da fundação nos convênios, segundo o MPDF. As atividades do casal começaram em 8 de junho de 2005, quando, em uma reunião da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), Romanna apresentou o projeto Apoio à Elaboração Integrada de Planos Diretores na Região Carbonífera Catarinense. Nos meses seguintes, Romanna visitou as prefeituras. Em todas as ocasiões, ela se apresentou como consultora da Finatec. Mesmo sem qualquer vínculo formal com a fundação, Romanna entregou cartões de visita com o timbre da entidade ligada à UnB, segundo os prefeitos. Nos encontros com os administradores, ela pedia pressa na assinatura dos contratos. Alegava que o prazo para elaboração do plano diretor — outubro de 2006 — estava acabando. Em janeiro de 2006, a Finatec venceu uma licitação de R$ 154 mil em Urussanga. Terceirização Romanna e Marcelino montaram uma equipe de 16 técnicos para fazer os serviços. Todos se apresentavam como consultores da Finatec, sem fazer parte do quadro funcional da instituição. A Finatec era fomentadora do projeto. Foi a própria Romanna quem contratou os serviços da empresa de consultoria M2R, da qual é sócia-proprietária. A M2R recebeu R$ 53,1 mil pelo trabalho. O casal ganhou mais R$ 42 mil. O dinheiro corresponderia aos honorários. Ao todo, foram R$ 95,1 mil pela mão-de-obra. O restante — R$ 904,9 mil — teria sido investidos nos projetos. Filiada ao DEM, Romanna foi candidata a prefeita de Criciúma (SC), em 2000, e a deputada federal por Santa Catarina, em 2002. Dois anos depois, tentou se eleger vice-prefeita de Criciúma. Perdeu nos três pleitos. Marcelino é pesquisador da UnB. Divide o tempo entre Brasília e Criciúma, onde mora a família. Ambos são investigados pela CPI das ONGs, no Senado Federal, à qual já entregaram documentos sobre os projetos executados nas prefeituras catarinenses para justificar os gastos. Para o promotor de Justiça Ricardo Souza, que investiga as fundações de apoio à UnB desde o ano passado, a Finatec não poderia terceirizar os serviços previstos nos contratos firmados com as prefeituras e qualquer outro órgão público. A prática, segundo ele, serve para burlar licitações. No caso das prefeituras catarinenses, a terceirização ocorreu porque a Finatec não tem competência para atuar na área de urbanismo, de acordo com Souza. “A Finatec, como opróprio nome diz, foi criada para promover e apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico. Não é o caso das consultorias para as prefeituras”, afirmou o promotor. O Correio procurou Marcelino e Romanna durante todo o dia de ontem. Na casa dos pais dele, em Brasília, informaram, por telefone, que Marcelino estava em Criciúma. Não forneceram os números dele. A reportagem enviou e-mail à Romanna. Até o fechamento desta edição, ela não havia respondido. -->Renato Alves Da equipe do Correio
-->
Carlos Moura/CB/D.A Press - 22/2/08
Finatec: contratos de R$ 1 milhão para elaborar planos diretores de 20 municípios catarinenses-->
Pivô dos escândalos que puseram fim à administração Timothy Mulholland , a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) continua na mira do Ministério Público do Distrito Federal (MPDF). Os promotores agora se concentram nas relações de pelo menos 20 prefeituras com a entidade ligada à Universidade de Brasília (UnB). Alguns dos contratos que chamam a atenção foram firmados com prefeituras de sete municípios catarinenses. Todos, por meio de um pesquisador da instituição de ensino superior e de uma política do Democratas (DEM), segundo processo aberto na capital do país. Apresentando-se como representante da Finatec, o casal de consultores Gileno Schaden Marcelino e Romanna Remor fechou contratos de R$ 1 milhão para elaborar os planos diretores de Urussanga, Braço do Norte, Siderópolis, Treviso, Lauro Müller, Orleans e Cocal do Sul. Em pelo menos uma das cidades catarinenses, não houve concorrência. Alegando “notório saber e especialização” da Finatec, a prefeitura de Braço do Norte dispensou licitação e repassou R$ 185 mil à fundação, maior valor entre as administrações catarinenses. Apesar de terem sidos assinados com a Finatec, os contratos foram executados pela empresa de consultoria M2R, pertencente a Romanna. A ponte de Romanna com a fundação era feita pelo marido dela. Pesquisador da UnB, Marcelino acertou a participação da fundação nos convênios, segundo o MPDF. As atividades do casal começaram em 8 de junho de 2005, quando, em uma reunião da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), Romanna apresentou o projeto Apoio à Elaboração Integrada de Planos Diretores na Região Carbonífera Catarinense. Nos meses seguintes, Romanna visitou as prefeituras. Em todas as ocasiões, ela se apresentou como consultora da Finatec. Mesmo sem qualquer vínculo formal com a fundação, Romanna entregou cartões de visita com o timbre da entidade ligada à UnB, segundo os prefeitos. Nos encontros com os administradores, ela pedia pressa na assinatura dos contratos. Alegava que o prazo para elaboração do plano diretor — outubro de 2006 — estava acabando. Em janeiro de 2006, a Finatec venceu uma licitação de R$ 154 mil em Urussanga. Terceirização Romanna e Marcelino montaram uma equipe de 16 técnicos para fazer os serviços. Todos se apresentavam como consultores da Finatec, sem fazer parte do quadro funcional da instituição. A Finatec era fomentadora do projeto. Foi a própria Romanna quem contratou os serviços da empresa de consultoria M2R, da qual é sócia-proprietária. A M2R recebeu R$ 53,1 mil pelo trabalho. O casal ganhou mais R$ 42 mil. O dinheiro corresponderia aos honorários. Ao todo, foram R$ 95,1 mil pela mão-de-obra. O restante — R$ 904,9 mil — teria sido investidos nos projetos. Filiada ao DEM, Romanna foi candidata a prefeita de Criciúma (SC), em 2000, e a deputada federal por Santa Catarina, em 2002. Dois anos depois, tentou se eleger vice-prefeita de Criciúma. Perdeu nos três pleitos. Marcelino é pesquisador da UnB. Divide o tempo entre Brasília e Criciúma, onde mora a família. Ambos são investigados pela CPI das ONGs, no Senado Federal, à qual já entregaram documentos sobre os projetos executados nas prefeituras catarinenses para justificar os gastos. Para o promotor de Justiça Ricardo Souza, que investiga as fundações de apoio à UnB desde o ano passado, a Finatec não poderia terceirizar os serviços previstos nos contratos firmados com as prefeituras e qualquer outro órgão público. A prática, segundo ele, serve para burlar licitações. No caso das prefeituras catarinenses, a terceirização ocorreu porque a Finatec não tem competência para atuar na área de urbanismo, de acordo com Souza. “A Finatec, como opróprio nome diz, foi criada para promover e apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico. Não é o caso das consultorias para as prefeituras”, afirmou o promotor. O Correio procurou Marcelino e Romanna durante todo o dia de ontem. Na casa dos pais dele, em Brasília, informaram, por telefone, que Marcelino estava em Criciúma. Não forneceram os números dele. A reportagem enviou e-mail à Romanna. Até o fechamento desta edição, ela não havia respondido.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Jorna de Brasilia - 30/05 - Continuação de matéria

Clique na imagem para ampliar.

UnB decide cortar o luxo

UNIVERSIDADE


Apartamentos como o da 310 Norte, onde morava o ex-reitor Timothy Mulholland, serão vendidos ou trocados por outros de menor valor

Pablo Rebello
Da equipe do Correio
Breno Fortes/CB/D.A Press - 20/5/08
Home cinema do apartamento funcional do ex-reitor Timothy Mulholland: um dos itens da decoração que custou R$ 470 mil, pagos pela Finatec

Minervino Júnior/Especial para o CB/D.A Press
Balthazar: auditoria descobriu gratificações de R$ 12 mil
O Conselho Diretor da Universidade de Brasília (UnB) decidiu ontem se desfazer, ainda no primeiro semestre, de seus imóveis de luxo, como o apartamento duplex onde morava o ex-reitor Timothy Mulholland, avaliado em R$ 6 milhões. A idéia é fazer uma permuta, já que a atual gestão temporária segue o princípio de que a universidade não deve se desfazer de seu patrimônio nem reduzi-lo. “É melhor trocar um imóvel desses por outros 10 de três quartos, mas que tenham rentabilidade”, argumentou o vice-reitor temporário, José Carlos Balthazar. Cada uma das unidades luxuosas está avaliada de R$ 3 milhões a R$ 6 milhões, com aluguéis de até R$ 5 mil, o que dificulta a ocupação. O Conselho também estuda a destinação de recursos provindos das vendas para obras e reformas no câmpus.
O apartamento anteriormente ocupado por Timothy Mulholland, na 310 Norte, está fechado desde 12 de fevereiro, quando o ex-reitor o deixou sob pressão. Dentro encontram-se móveis, eletrodomésticos e outros objetos pagos com recursos públicos da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finatec). Foram R$ 470 mil gastos em um home cinema (R$ 36,6 mil), taças de vinhos e copos de uísque (R$ 4,5 mil), telas artísticas (R$ 21,6 mil), entre outros itens de luxo. O Conselho Diretor da UnB ainda não decidiu o que será feito com a decoração do imóvel. Existem propostas para venda do apartamento todo mobiliado, de aproveitamento dos móveis na própria universidade e de leilão dos objetos.

Editora da UnB
Resultados parciais de auditoria realizada por uma força-tarefa do Tribunal de Contas da União (TCU), Corregedoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Federal e Polícia Federal revelaram novas irregularidades na Editora da UnB. Além da assinatura de contratos milionários sem ligação com atividades acadêmicas, as investigações descobriram o pagamento de gratificações de até R$ 12 mil a prestadores de serviços e a entrega de senhas do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que permitem a movimentação de recursos do Orçamento da União, a pessoas que não pertencem aos quadros da UnB.

As irregularidades encontradas na editora chocaram a nova gestão da instituição, que considerou a situação crítica. Um corte promovido pela reitoria resultou no afastamento de 37 prestadores de serviço da editora. A demissão proporcionou uma queda de 43% na folha de pagamento. O dinheiro reservado para pagar os servidores e tercerizados no fim do mês caiu de R$ 292 mil para R$ 167 mil. “Havia gratificações de até R$ 12 mil em cima do salário, que é muito mais do que ganha o reitor pela função que exerce”, revelou o vice-reitor.

Sobre a desvirtuação do uso das senhas do Siafi, o vice-reitor afirmou que elas foram entregues a estranhos por pessoas autorizadas dentro da editora e da UnB, mas não deu detalhes. “Tudo está registrado nos computadores, que estão sendo investigados pelas autoridades competentes”, resumiu. A senha permite a realização de qualquer tipo de movimentação financeira, desde o pagamento de contas até o desvio de recursos orçamentários. O vice-reitor contou, no entanto, que a situação já havia sido levantada por uma auditoria interna da gestão anterior. Mas que nenhuma providência chegou a ser tomada.

Muitos dos contratos firmados pela Editora da UnB não tinham qualquer ligação com a atividade acadêmica. Na prática, a editora funcionava como uma agência de captação e gerenciamento de recursos. “Para se ter uma idéia da distorção das funções, uma editora que trabalharia com a publicação de materiais bibliográficos tinha contratos da ordem de R$ 1,7 milhão”, exemplificou o vice-reitor. Os 66 projetos firmados pelo órgão atualmente totalizam o montante de R$ 93,5 milhões.

Desse dinheiro, R$ 12 milhões se referiam a cursos, treinamentos e escolas de línguas, mais R$ 12 milhões vinham de contratos de cursos a distância e os R$ 67 milhões restantes pertenciam aos chamados projetos especiais. Os contratos eram firmados principalmente com órgãos governamentais, como a Presidência da República, diversos ministérios e com o Governo do Distrito Federal. Apesar das irregularidades, o vice-reitor garantiu que todos os contratos firmados serão cumpridos até o fim. “Mas não aceitaremos mais projetos que não atendam o ambiente acadêmico”, esclareceu Balthazar.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Os novos campi da UnB (parte 2)

Jornal de Brasília (26/05/2008) - clique na imagem para ampliar.

domingo, 25 de maio de 2008

INTERLOCUÇÕES SOBRE O VOTO PARITÁRIO

POST DO PROF. VERDESIO
Meus caros:
Co-governo universitário só existe na América latina em Universidades influenciadas pelo Movimento de Córdoba. Em nenhum lugar do mundo há co-governo com funcionários. No caso, que conheço bem é o lugar onde me formei: a Universidade pública do Uruguai. O co-governo existe desde 1958 (50 anos !). O claustro geral nomeia Reitor por voto dos representantes dos professores, estudantes (28 % dos delegados) e formados pela Universidade. Ninguêm pensou no Brasil que esta categoria deveria ter alguma participação ?

O resultado deste co-governo é uma estrutura de poder fundamentada somente no ideario político, geralmente de esquerda. Os dirigentes estudantis são estudantes eternos que ficam 10, 15 anos "estudando" e, finalmente, se algum dia se formam (muitos não o fazem), entram na carreira política.
Ou seja um belo trampolim para fazer uma carreira política que se fosse feita na sociedade externa à Universidade não teria nenhuma chance de suceso. Alguns, como o atual presidente do Uruguai, um bom oncologista fez este percurso pela via da militância no corpo dos professores. É um rarísimo exemplo de competência que não deve fazer esquecer que há milhares de militantes universitários como ele incrustados na estrutura de poder da Universidade durante décadas e completamente nulos academicamente.

Se quiserem saber como é no resto do mundo é fácil. É só consultar os portais universitários na parte administrativa. Ali verão que o modelo americano dominante é o da eleição e o comando da Universidade estatal dada a representantes externos de notáveis da sociedade, contribuidores financeiros e autoridades estatais. Estes Conselhos mandam e elegem reitores no mercado laboral do país inteiro procurando profissionais competentes como adminidtradores de Universidades. Não necessitam ser sumidades sientíficas. Aliás quase nunca o são. Na Europa continental latina dominam um sistema de co-governo com representações mínimas dos estudantes e funcionários. Recentemente tem havido uma uniformização do sistema com criação de conselhos comunitários onde empresários, movimentos sociais, gobvernos locais participam no controle das finanças e cumprimento dos propósitos da univerisdade, isto é: criar e difundir conhecimento. No Reino Unido o modelo é quase monárquico onde o Reitor é vitalício que nomeia um vice-reitor sendoe este quem realmente faz as coisa. Algo similara ao sistema parlamentar britânico com a rainha e o primeiro Ministro. Em Oxford quem nomeia é o conjunto de formados pela universidade com pelo menos Masters of Arts.

Por favor se informem e meditem.
Porque será que no resto do mundo não tem jabuticaba ?

Se querem ver o resultado do co-governo visitem algumas universidades latinoamericanas e vejam o estado deplorável em que estão.
Quando vou no Uruguai e vejo ex-colegas meus comandando a Universidade sem ter tido nenhuma produção académica relevante, sem nem sequer um mestrado, nen nenhum curso de administração, sinto bastante vergonha. Quando vejo os representantes dos estudantes nos claustros tão corruptos como os professores que estão sendo acusados aqui hoje também tenho vergonha. O manifesto do Antunez tem uma frase que me fez rir a gargalhadas: os estudanets são puros, não tiveram tempo de serem corrompidos. Bom agora sim, alguns deles vão ter tempo de se corromper, quando peguem as redeas do poder se deixarmos que aconteça.

Não quer dizer que não existam sumidades sem diplomas como o estudante de engenharia que ganhou vários prémios internacionais com seus projetos. Mas estas exceções tem um custo altísimo para o país. anos e anos de autodidatismo não é a melhor forma de construir conhecimento.

Não se deixem levar pelo populismo barato. Vamos criar algo novo mas que não seja um trampolim de politiqueiros baratos. O que temos que criar não é uma Câmara de veradores. São novos sistemas de controle e de fiscalização com forte participação da sociedade em todos os seus setores que nos controlem e que se interesem pelo que fazemos.

Primeiro se informem, depois pensem e vejam que o que se está falando de co-governo paritário é uma verdadeira asneira. A universidade tem um objetivo como outras instituições com fim como a Polícia, os hospitais ou as empresas privadas. Em nenhum caso destes há co-governo. Porque será ?

Prof Juan José Verdesio
FAV-GEA

Email verdesio@unb.br



POST DO PROF VANNER

Prezado Prof. Juan Verdesio
Não quer dizer que o melhor para os americanos seja o melhor para nós. Esse seu pensamento me parece de um colonizado macaqueando o colonizador. Nem nossas tradições e nossos sistemas de controle podem ser comparados aos países que tiveram alguns séculos de história de civilização à nossa frente. Países com histórias políticas muito diferentes da nossa. É como compararmos dois times, um de futebol de campo e outro de futsal (que aliás foi magistralmente inventado em seu amável país).
Lembre-se, caro professor, das diferenças entre as nossas trajetórias políticas e daqueles países que o senhor cita como exemplos.
Lembra-se da brutal repressão que assolou o Brasil e em especial o Uruguai naqueles anos que as universidades estavam florescendo, tentando encontrar o seu caminho?
Não estamos ainda contruindo a nossa democracia depois dos anos de chumbo?
Não fomos sufocados e amedrontados por uma máquina político-policial cruel de repressão?
O senhor acha que a liberdade de escolha de nossos próprios caminhos como universidade e como nação devem ser delegados à quem estava apenas se formando neste tempo todo como um técnico-em-burocracia aducacional?
Não se pode descartar estes fatos para defender um sistema diferente da paridade; aliás, o senhor não chega a propor claramente qual a melhor alternativa.

Ademais, para qual realidade que a ciência naqueles países estão voltadas? Será que estão prodiuzindo soluções para os nossos problemas? será que estão produzindo estratégias clinicas para a dengue, para a malária, para as arboviroses cotidianas dos nossos países. Será que estão pesquisando a origem das línguas indígenas, a evolução do homem sul-americano e cultura popular dos gauchos dos pampas? Será que estão produzindo tecnologia alternativa para a crise dos combustíveis ou tecnologias para a prospecção de petróleo profundo adaptados às nossas condições marítimas?

Na era do conhecimento o senhor defender que não existam estudantes ou técnicos capazes de construir um ambiente co-responsável e participativo é uma aventura cega conservadora.

Será que temos que experimentar um regime de escolha de um "notável" para dirigir a UnB ou qualquer universidade pública brasileira? Talvez, ao delegar tais poderes, este alguém possa na sua sapiência decidir qual e quem faz pesquisa. O senhor quer esperimentar isso? O senhor gosta da liberdade de pensamento e de expressão que caracteriza qualquer universidade européia?
Exmplos: Talvez tenhamos que pedir para o Prof. Nagib trabalhar com cana-de-açúcar para suprir em tecnologia o indústria sucroalcooleira. Talvez o Prof. Marcelo H-L tenha que parar de produzir blogs defendendo idéias polêmicas, para que se dedique integralmente ao afazer de classes e pesquisa em estresse oxidativo (já pensou? o senhor não poderia estar difundindo as duas idéias sobre o voto para reitor). Talvez o Prof. Antunes deveria parar de produzir músicas aparentemente dissonantes e se dedicar somente ao classicismo ou ao estudo da música barroca no Brasil. Dependeria do gosto do "notável".
Talvez fosse um racista ou xenófobo, saudosista dos tempos em que invadíamos e éramos invadidos por nosso irmãos uruguaios, cometendo atrocidades como degolas, estupros e abigeato.
Já pensou?

O senhor esquece de por em prática um pensamento dialético: "e se não for como eu penso"?
O senhor atribui de forma superficial, para não dizer maliciosa, as mazelas do ensino na America do Sul ao sistema de escolha de seus dirigentes. A culpa é da "esquerda". Um grande equívoco conceitual de escassa base autocrítica, pré-concebido e pré-moldado.

O seu pensamento linear, é obliterado pela convicção unilateral de que somente a escolha de notáveis, nobres, sábios, incorruptíveis, puros, sacrossantos e apoliticos poderiam ocupar a reitoria da UnB. Se existem tais sujeitos, por favor, gostaria muito de conhecê-los, ainda em vida. O senhor conhece?

Vanner
CFS/IB/UnB
vanner@unb.br


RÉPLICA DO PROF VERDESIO

Caros:

Resposta aos comentários. Não respondo a anônimos nem a encapuzados embora o homem verde tecesse uns comentários bem interessantes. Concordo com ele sobre quem deveria gerenciar uma Universidade. Se o gerenciamento universitário fosse dado a um bom administrador, controlado por Tribunais de contas e/ou conselhos comunitários, boa parte dos problemas atuais estariam resolvidos.

Também quero lhes pedir desculpas pelos erros de português cometidos ou a cometer. Desta vez redigi este texto com corretor ortográfico e gramatical para me ajudar com meus deslizes “pampísticos” (inventei esse termo).

Responderei ao Prof. Vanner. Bom, parece que além dos inimigos que certamente ganhei no Uruguai com as minhas apreciações sobre o co-governo da UDELAR estou ganhando inimigos por aqui.

Em primeiro lugar gostaria de deixar bem claro que nem eu nem muitos de nós da comunidade interna universitária temos a solução de como seria a melhor forma de eleição de autoridades e a administração geral de universidades estatais. A solução será encontrada por conversas civilizadas entre nós com muita colaboração de pessoas que tenham tido experiências de fora do país e de fora da Instituição chamada Universidade.

Todos nós necessitaríamos sair um pouco do ambiente acadêmico, fazer estágios em outras organizações para ver como é que se gerenciam conflitos e se atingem metas fora de nossa torre de marfim. Felizmente tive experiências de trabalho diversas fora da Universidade estatal e posso lhes dizer, junto com o homem verde, que não são os problemas da “latinidade” que fazem que não possam ser feitas reuniões de meia hora, como ele cita. A causa de nossa ineficiência administrativa em instituições estatais está mais ligada com: a falta de cobrança, a falta de planejamento e a falta de punição por erros cometidos. Posso lhes dizer isto porque já trabalhei em cargos executivos em empresas de engenharia nacionais e internacionais, como técnico de uma multinacional, em empresas privadas uni-familiares e de sociedade anônima, em instituto de pesquisa estatal com organização militar e noutro com uma organização maravilhosa e até em consultorias em organismos internacionais.

Em nenhum momento afirmei que as autoridades de uma Universidade devam orientar o que e como pesquisar se a Universidade integra ensino-pesquisa-extensão. Os países desenvolvidos estão resolvendo os seus problemas e gostaria muito que nós também fizéssemos o mesmo. A diferença está em que alguns deles se organizaram para fazer isto de uma maneira mais eficiente do que nós. Outros nem tanto.

Portanto o que falei sobre as Universidades estrangeiras não era para dizer que a solução está na nossa frente: vamos nos administrar como o Massachusset Institute of Technology ou como a Universidade de Grenoble onde fiz o meu Doutorado na França.

No Brasil, por enquanto, é impossível ter administrações fortemente influenciadas pelos financiadores como o MIT que, além do Estado integra poderosas firmas transnacionais de eletrônica, informática, engenharia além das indústrias de armamento. Isto porque não temos estes complexos industriais. Nem como as francesas que são totalmente dominadas pela burocracia estatal geralmente super centralizada em Paris. O modelo francês é muito mais vertical do que o nosso. Além do mais o sistema estatal universitário está fortemente influenciado em orientações de pesquisa e financiamentos dados pelo complexo estatal e privado da defesa, da energia nuclear, da saúde, e da indústria alimentar.

A solução do impasse atual vamos ter que encontrá-la pelo diálogo , a discussão e a difusão da informação disponível sobre outras experiências. Eu só sei que tem formas de governo que não deram certo e que é melhor esquecê-las. Politizar ainda mais a vida universitária por eleições ou governos paritários não deu certo em outros lugares. Vamos tentar outras formas que diminuam a politização, não que a acentuem.

Um dos problemas fundamentais da Universidade do século XXI aqui, na China ou no Reino Unido e como arrecadar recursos para financiar o ensino e a pesquisa numa sociedade cada vez mais tecnificada em que custa cada vez mais caro ter saúde, aposentadoria, ou ensinar. Os recursos possíveis de serem arrecadados da sociedade com impostos e taxas, mesmo que muito bem administrados (que não é o nosso caso) são cada vez mais escassos. Todas as Universidades estatais, no mundo inteiro, e de melhor desempenho tem mecanismos de captação de recursos junto a o setor produtivo de qualquer escala e/ou de qualquer forma de propriedade (estatal, privada, transnacional). Podemos conseguir recursos em parte como o Estado, em parte com a Petrobras, em parte com a Votorantim, em parte com o sindicato de produtores rurais de Brejo da Cruz. As necessidades de formação profissional e/ou de pesquisa são cada vez maiores e o mundo futuro será o da formação e inovação contínua.

Se conseguirmos convencer os atores externos a nos financiar vai ter que dar a eles alguma forma de poder e/ou controle de como se usam estes recursos. As formas organizacionais fechadas à comunidade interna da Universidade não terão vez no século XXI. Isto já foi percebido pelas Universidades européias que eram muito fechadas em si mesmas como as italianas e espanholas. Eles já perceberam que tem que ser mais abertas. Tenho um filho que está estudando na Universitat Pompeu Fabre em Barcelona. É uma Universidade da Comunidade Catalã, financiada em parte por ela. Todos os estudantes pagam matrícula. Há sistemas compensatórios muito bons com Bolsas para os menos carentes. Os que podem pagar, pagam mesmo. Os que não podem são compensados pelas Bolsas e outras maneiras de incentivo. Ninguém que quer estudar fica de fora. Onde ele estuda, a Escola de Desenho Elisava tem uma parceria muito forte com a BMW, Hewlett Packard, Cruz vermelha, Seat, Decathlon, Prefeitura de Barcelona, Derbi, Grupo Bassat Ogilvy e Fira de Barcelona. O resto da Universidade é similar, mas com outras parcerias e/ou financiamentos. Pelo empolgamento com que ele me fala desta unidade de ensino estou a pensar que ali podemos ter alguns indicativos de formas possíveis de sair do buraco politizante em que nos podemos meter caso exista o co-governo paritário.

Finalmente, caro Vanner, o impulso de morte e o impulso de vida estão em todos nós como nós ensinou Sigmund Freud. A civilização foi encontrando mecanismos para controlá-los e domesticá-los. Nos primeiros tempos foi a religião que puniu Caim quando matou Abel. Depois vieram os sistemas monárquicos, os deuses delegando seu poder punitivo aos reis. Depois inventamos a democracia com os poderes separados que antes estavam centrados no monarca. Hoje temos todos os mecanismos e as instituições para fazer com que nossa humanidade seja menos selvagem. Podem não funcionar muito bem, mas os temos aí. Os homens serão sempre potencialmente corruptos e homicidas. O desejo de ter o que o outro tem, desde o/a amante do outro/a até seu bolso é da natureza humana. Felizmente vivemos em tempos em que existem formas de controle. O reitor eleito por notáveis ou qualquer forma de eleição terá que se submeter a controles também.

Rejeito a eleição paritária porque só elegerá pessoas que atendam aos interesses corporativos do grupo que seja mais forte. Se os estudantes são mais fortes nos Conselhos e/ou nas eleições votarão a cola universal como foi proposto em recente debate pela paridade. Se forem os professores elegerão que o acolha melhor. Os funcionários votarão por aumentos salariais e menos horas de trabalho. O primeiro que virá a tona num co-governo são os interesses particulares. Assim é nos lugares onde ele existe e assim será aqui.

Vamos pensar noutras formas que não seja nos fechar em nós mesmos. Vamos pedir a colaboração a pessoas de fora, a instituições de fora, aprender com elas. Vamos tentar nos integrar a nossa sociedade e não nos isolar ainda mais.

Vanner diz que atribuo o desempenho pífio das universidades latino-americanas ao co-governo. Não quis dizer isto. Um empecilho fundamental é o co-governo. Além do mais tem os que citei antes: a falta de fontes de financiamento que não sejam só estatais, e a pouca integração com o mundo econômico do país. Outra irracionalidade é o ingresso irrestrito que tinha algum sentido em 1918, época da Revolta de Córdoba. Hoje entram, por exemplo, 500 alunos no primeiro ano, 200 desistem anos primeiras provas e se formam 50. Ainda assim são muito mais do que o mercado necessita. Temos médicos pintores de parede, taxistas etc. Uruguai forma 100 arquitetos por ano numa média de 11 anos de estudo num país de 3 milhões de habitantes.

24 de Maio de 2008 20:25
Blogger Juan José Verdesio disse...

Esqueci de replicar o comentário do Vanner sobre: "Será que temos que experimentar um regime de escolha de um "notável" para dirigir a UnB ou qualquer universidade pública brasileira? Talvez, ao delegar tais poderes, este alguém possa na sua sapiência decidir qual e quem faz pesquisa. O senhor quer esperimentar isso?"

Isto é o que vai acontecer se for instaurado o co-governo no modelo que foi adotado no Uruguai ou Argentina.
Conheço bem o do Uruguai porque estudei lá e vi ele se estruturar. Por este modelo, como falei há cogoverno tripartite professores, estudantes e formados. Oque aconteceu lá. Diversos grupos políticos de esquerda se articularam e brigaram entre si para "tomar o poder" como escuto aqui nos corredores da UnB, lá perto do fim da ICC Norte no subsolo. Tomaram o poder até hoje. Os cargos dos professores são renoáveis a cada 5 anos, renovação esta que não é feita por nenhuma avaliação de desempenho como as que temos por aqui. A avaliação é feita nos Conselhos tripartites de cada unidade e o professor continua ou não no cargo se agrada a maioria das três categorias. Eu vi ser expulso um professor de Genética porque era muito conservador e consultor de fazendeiros latifundiários. Eu vi escutei as discussões e não imaginação. Lembram da revolução Cultural na China ? Era o mesmo espíritu e o mesmo objetivo. Criar um pensamento majoritário e banir tudo o que não era "politicamente correto" O resultado é que perdí um excelente professor de genética muito atualizado que tinha estudade em universidades americanas o que era, na época, um pecado sem perdão.

Repito outra vez: não estou sugerindo que sigamos os modelos franceses, ou espanhois ou britânicos ou norteamericanos. Estou sugerindo que aprendamos com eles e entendamos proque deram mais certo do que nòs. Não gostaria de ouvir que o problema é de recursos porque esta é só uma parte do problema. O que nós temos que fortalecer são os mecanismos que foram criados pelo Estado democrático de Direito para dirimir conflitos e para domesticar algo que nasceu com o Homem que é o desejo de ter o que o outro tem. temos que domesticar melhor a violencia mimética sem mecanismos autoritários geradores de neurose. Hoje morreu Roberto Freire que falou e escreveu muito sobre a criação de neurose pela represão em sistemas sociais dominados por dogmas religiosos, etc.

Por outro lado a liberdade absoluta de pesquisar e ensinar o que bem entender tem certos limites que são determinados por quem financiae ou quem recebe os serviços educativos. Não tem como ser diferente. Einstein criou o corpo principal de seu pensamento em delirios imaginativos chateado num Escitório de patentes. Para iso só necessitou papel e lapiz. Como vocês acham que vamos combater a AIDS (SIDA para ser politicamente correto)? Vamos ter que pedir dinheiro e isso exige contrapartida. Não existe mais a figura do cientista aloprado criando coisas na garagem. O que é dificil hoje é conseguir o equilibrio entre a liberdade de pensar e criar e as condicionantes que te cria quem financia as tuas pesquisas ou a tua aula.

Volto ao MIT. Onde Noam Chomsky ensina? No MIT ele fala mal do Poder executivo americano, mete pau em tudo o que é de direita, é idolatrado pelas esquerdas latinoamericanas. Trabalah onde? Na maior e mais cotada Universidade do mundo que é financiada pelo complexo militar do governo americano.

Vamos ver como funciona para ver se aprendemos alguma coisa ?? Vamos deixar de usar chavões como o que escuto também nos corredores e nas assembléias de que a UnB está "dominada pelos intereses do grande capital". Se assim fosse estariamos certamente com muitos mais recursos e salários idem. Usemos a cabeça, esqueçamosa s ideologais de direita ou de esquerda. Despolitizemos o discurso e a ação e ai começaremos a criar algo novo. Em resumo: dialoguemos e não briquemos. Estudemos os prós e os contras de cada opção. Fortaleçamos os mecanismos e sisetmas de controle contra os desmandos sem chegar a criar um mostrengo burocrático.


RÉPLICA DO PROF. VANNER
Prezado Prof. Verdesio
É agradável debater com o senhor. Espero ainda conversar longamente, cevando um mate, sobre estas e outras tantas questões. Não vou me estender aqui, agora. Mas me chamou a atenção nas suas palavras que talvez nos remeta ao fulcro da questão "Vamos ter que pedir dinheiro e isso exige contrapartida... O que é dificil hoje é conseguir o equilibrio entre a liberdade de pensar e criar e as condicionantes que te cria quem financia as tuas pesquisas ou a tua aula". Exatamente assim penso, com uma exceção: não vamos pedir dinheiro; quem nos financia é quem servimos (a população). Então, se a população quer mais qualidade de ensino, que divida conosco esta tarefa de exigir do Estado mais verbas e de interferir (pelo voto) na própria Instituição para uma melhor aplicação das verbas que chegam. Voltando ao que concordamos por princípio (mas em óticas diferentes). E me desculpa o reducionismo: se quem me paga é o público (o dinheiro dos nossos impostos, dos impostos pagos pelo aluno, pelos pais dos alunos, funcionários da UnB e assim por diante), então o meu comprometimento deve ser com o público. A minha pesquisa, o meu ensino deve ser socialmente referenciada e ser de qualidade máxima, pois somos contratados pela República para servi-la; ao não fazer o melhor, o docente não estará prejudicando o dono da empresa, ou um grupo de sócios, mas o conjunto de cidadãos que pagam (e muito) impostos neste país. É para eles que servimos.E devemos por princípio fazer o melhor, produzir o melhor.
Quem avalia a nossa produtividade, a qualidade de nossa pesquisa e qualidade do nosso ensino?
Os colegiados como instância imediata; os comitês como instância para trabalhos especiais que possamos oferecer. Mas se o que devemos oferecer é um serviço público de qualidade, é moralmente justo que tenhamos nos colegiados, e na reitoria alguém que receba uma representação para fiscalizar e gerar qualidade; alguém que possa representar DIRETAMENTE o "público" nas instâncias de fiscalização, avaliação, direcionamento de rumos e melhor aplicação do dinheiro gerado pelos altos impostos deste país. A escolha por voto paritário aproxima muito o público do servidor público (nós, docentes), no caso da UnB.
Não acho moralmente aceitável conduzir pesquisas financiadas por entidades privadas que possam carrear grandes somas de dinheiro a algum laboratório e aos bolsos do próprio pesquisador, que é um servidor público. Não acho moralmente justificável, utilizar uma estrutura pública (a Universidade), um tempo de trabalho público, um salário público, para vender ensinamentos cujos ganhos auferidos vão parar em bolsos privados.
O que é dos outros não se mexe, já dizia a minha avó. O que é público, não pode ser apropriado.
A iniciativa privada no Brasil está rapidamente crescendo na geração de ciência. Este é o momento, uma excelente oportunidade de profesores e pesquisadores que querem gerar ganhos extraordinariamente altos de se engajarem na consolidação deste nicho de mercado. E tornarem-se merpesários eles emsmos. Quantos exemplos temos lá na América do Norte e em outros tantos países economicamente fortes. Pesquisadores, inventores, descobridores, escritores, etc que se lançaram na administração privada dos seus conhecimentos e se tornaram profissionais de sucesso.
Se pessoas as vezes com pouco mais do algum curso técnico no Brasil se tornam grandes empresários, que dirá de professores com formação acadêmica requintada e altamente especializada.
É uma questão de opção de nicho a ser ocupado. Se resolver ser professor de uma universidade pública, devo ser um servidor público e bem utilizar o dinheiro público, ser fiscalizado,administrado por alguém com o mesmo compromisso. Se não estou submetido a um controle mais direto (que pode ser PARCIALMENTE feito pelo voto paritário) então meus possíveis erros, meus possíveis descaminhos como servidor público serão fiscalizados por esferas fora da UnB, como por exemplo, MPDFT , CGU, Polícia Federal, Justiça Federal ....
Não é isso o que está acontecendo na UnB?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tortura, verdade, mentira e a nebulosa intenção de machucar

Tema por demais trágico e doloroso para brincar com ele, companheira Raquel!!!!
Professora Raquel,
É inacreditável, me deixa perplexa e se encontra no limite da infração do protocolo básico de respeito à história de vida de todos nós a utilização de um tema tão trágico e doloroso como é o da tortura para me atacar. Se alguém tivesse me contado que você faria isto, eu não teria acreditado.
Peço-lhe encarecidamente: não contaminemos o diálogo franco e amistoso que levamos até aqui sobre os grandes temas da nossa universidade com recursos baixos desse tipo. Você não conhece a minha história de vida e nem de muitas outras pessoas com quem se encontra dialogando. NÃO SEREI TENTADA A NENHUM TIPO DE DIÁLOGO A PARTIR DESSAS PREMISSAS. Aguardo uma reconsideração sua sobre o turbilhão de malentendidos éticos que você introduziu, advertida ou inadvertidamente, no DIALOGO SADIO ENTRE AS TRÊS CHAPAS.
Rita Segato
---- Original Message -----
Sent: Friday, May 09, 2008 12:10 PM
Subject: Re: Debate entre as chapas à direção da Adunb

Rita Segato,

Considere esta mensagem da Beatriz Magalhães Castro, IDA como parte da sua resposta:


"O dia de ontem foi marcado por 2 eventos públicos simultâneos mas não igualmente esclarecedores. Enquanto que Dilma Roussef articulou-se e definiu muito bem que "na ditadura não há espaço para a verdade porque não há espaço para a vida", no debate entre as 3 chapas para a eleição da AdUnB contradições emergiram nas ausências de respostas a algumas perguntas (aliás sorteadas) não respondidas.

PERGUNTA CHAPA 2: A primeira, dirigida à Chapa 2, buscava entender como a partir do sindicato e de uma base local se poderia rever regras nacionais de aferição acadêmica, uma vez que esse sindicato tem diversas atribuições sobre diversas questões salariais e trabalhistas que sequer foram contempladas e se vêem obstruídas por realidades sociais e econômicas mais amplas. Sou conhecedora e admiradora da excelência acadêmica e sobretudo humana da Profa. Rita Segato, e isto não estava e nunca esteve em questão. O que questionava era como uma discussão sobre a mudança dos critérios da CAPES, embora fundamentais e necessários, como se pode ver nitidamente ontem, num estágio de grandes conflitos e no mínimo de "in-verdades" ou "precoces" , como aquela sobre o voto universal, uma vez que sequer conseguimos atingir as metas da paridade e da estatuinte proposta? Como então a Profa. Rita pretende fazê-lo sem nos descolarmos das bases que nos elegem e criarmos um discurso que talvez ainda não seja um "nosso" socialmente referenciado?

A afirmação de Dilma Roussef remete-nos também a espaços ainda a serem conquistados coletivamente, não somente democráticos mas também espaços qualificados, legítimos e juridicamente sustentáveis. E esse espaço é extremamente frágil, como sabemos, e se tem construído de forma muito lenta. Que dispositivos existem para tal construção? Ou que dispositivos institucionais necessitamos para tal questão? A pergunta era portanto como realizar esta tarefa, e não exatamente a sua competente análise sobre a "ingerência do capital" nestas ações. E esse posicionamento é talvez o principal diferencial entre as Chapas 2 e 3, e que motivou a cisão de um grupo que de outra forma poderia formar um mesmo conjunto.

Mas a principal questão que não pode se calar é realmente saber se o modelo de gestão fracassado, ilegal além de ilegítimo é realmente passado ou se este ainda deseja permanecer mitigado nas atividades desta Universidade."




--- In lista-adunb@yahoogroups.com, "Rita Segato" wrote:
>
> Querida Raquel, juro que não entendo tua alusão à minha pessoa. Porque a fazes?
> Rita
>
> ----- Original Message -----
> From: rachel_moraes2
> To: lista-adunb@yahoogroups.com
> Sent: Friday, May 09, 2008 4:27 AM
> Subject: Debate entre as chapas à direção da Adunb
>
>
>
> Debate entre as chapas à Direção da Adunb
> Após assistir o depoimento extremamente digno, lúcido e semhesitação de Dilma Roussef abaixo e comparar com o debate entre aschapas à direção da Adunb no auditório da FT/UnB, a mentira sob torturarevelada por Roussef para proteger seus companheiros é algo quecertamente a candidata da chapa 2 Rita Segato jamais faria.
>
> http://www.senado.gov.br/tv/noticias/quarta/tv_video.asp?nome=CO070508_7
>
>
> http://www.youtube.com/watch?v=ntVZB12ktPg
>
> Postado porAdunb: Autonomia e DemocraciaàsSexta-feira, Maio 09, 20080comentáriosLinks para esta postagem
>
> http://autonomiademocracia.blogspot.com/2008/05/debate-entre-as-chapas-direo-da-adunb.html
>
>
>
>
>
> ------------------------------------------------------------------------------
> Esta mensagem foi verificada pelo E-mail Protegido Terra.
> Atualizado em 08/05/2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Paulo César Nascimento

A Chapa 1 ADUNB PARA OS PROFESSORES, como o próprio nome indica, tem
como seu eixo central a defesa dos interesses da classe docente da
UnB. É uma chapa de composição plural, e por isso mesmo comporta
opiniões diversas sobre vários temas relacionados com a atividade da
UnB. Nesse sentido, o que vou escrever aqui reflete miha opinião
particular, apesar de ser membro suplente da Chapa 1.

Causa-me preocupação algumas opiniões emitidas pela profa. Rita
Segato, que encabeça a chapa 2 ALTERNATIVA LIVRE, divulgadas no
Correio Braziliense de 6/5/2008 . Se essas opiniões refletem realmente
o pensamento da professora, então temos aqui uma série de questões que
merecem ser debatidas.

A professora Segato parece ter uma opinião muito romantizada do
movimento estudantil brasileiro. A idéia de que os estudantes da UnB
deram uma lição de mobilização e participação aos professores tem que
ser qualificada. Certamente, os estudantes mostraram sua habitual
energia e dinâmica política, o que é importante para melhorar o grau
de transparência que uma administração de ensino deve ter. Ainda
assim, junto com essa contribuição inegável e decisiva para o
afastamento da direção anterior da UnB, os estudantes mais uma vez
demonstraram vícios que têm historicamente marcado o movimento
estudantil e a UNE.

O primeiro desses vícios é uma intransigência e um autoritarismo que,
mesmo descontando o natural ardor juvenil, não podemos deixar de levar
em conta. Ocupar uma reitoria em pleno regime democrático, quando
existem diversos meios de protesto, já é uma atitude que no mínimo
deve ser encarada com cautela. Mas pior que isso, apoiando-se na força
dos números (embora a participação efetiva comporte um número
irrisório do total de estudantes da UnB), o movimento estudantil ficou
alegando que queria negociar, mas passou todo o tempo de uma
reivindicação a outra, da saída do reitor ao congresso estatuinte,
deste para a paridade, etc., etc, sem transigir em nada. E agregue-se
a isso a pressão e as agressões verbais que os ativistas estudantis,
apoiados é claro por alguns professores inconformados por terem
perdido o bonde de 1968, demonstraram a cada reunião do CONSUNI. A
ocupação pode dar a impressão de que acelerou os acontecimentos, e
provavelmente isso é verdade, mas o barato sai caro: a lógica da
ocupação ajuda a criar uma cultura de intransigência, menosprezo ao
funcionamento de estabelecimentos públicos e desprezo à justiça.

Os professores, ao contrário da opinião vigente, demonstraram uma
posição muito mais madura em todo o "affair" Timothy. Quando as
acusações vieram à tona na mídia, deram ao ex-reitor o benefício da
dúvida, votando por grande maioria contra a demissão sumária, sem
direito a defesa, exigida por estudantes e professores radicalizados
(muitos dos quais hoje na chapa 2). Somente quando o volume e o
aprofundamento das denúncias dirimiram as dúvidas, a opinião da
maioria dos professores a respeito da permanência do reitor modificou-
se. Esta foi, a meu ver, uma atitude muito mais ponderada e razoável
do que o radicalismo histérico de alguns.

E finalmente, a Chapa 2 declara-se a favor da paridade. A profa.
Segato declara que o sistema paritário faria o voto de cada professor
equivaler ao de 17 ou 18 alunos. Mas não está explicado se a paridade
defendida pela Chapa 2 é a de 33% sobre o total dos estudantes ou
somente sobre os votantes. Seja como for, a profa. Segato parece
confundir a votação cidadã, que se dá no espaço público, com a escolha
de dirigentes em estabelecimentos que devem se pautar por hierarquia.
É uma transposição ilícita da lógica do voto democrático, que elege um
presidente ou um governador, para a escolha do representante máximo de
uma instituição como a universidade, onde os professores têm
responsabilidades bem maiores que os demais segmentos e por isso mesmo
devem ter representatividade adequada à importância do papel que
desempenham.

Ao fim e ao cabo, os membros da Chapa 2 precisam decidir se querem ser
eleitos para o DCE estudantil ou a Adunb. Os professores não estão em
busca de modismos ou atitudes "tchan", como o próprio nome da Chapa 2
inapelavelmente revela ("alternativa livre"! O que é isso? Nenhuma
alternativa é completamente livre, na medida em que as alternativas se
desenvolvem em um contexto que restringe as escolhas. Ou será que a
chapa 2 acha que pode representar uma alternativa sem quaisquer
impedimentos, restrições, concessões?). O que realmente necessitamos é
de uma direção sindical que dialogue com os outros segmentos da
universidade, mas que essencialmente esteja voltada para a categoria
que representa. Uma Adunb, enfim, PARA OS PROFESSORES.

Paulo César Nascimento
Professor adjunto I do Instituto de Ciência Política, UnB

sábado, 3 de maio de 2008

LUIZ GONZAGA MOTA

UnB: crescer com a crise

----------------------------------------------------------------------
LUIZ GONZAGA MOTA
Jornalista, doutor em comunicação, é professor da UnB

A Universidade de Brasília passou por mais uma crise em sua curta e dramática história. E que crise. Denúncias pipocaram, o câmpus foi ocupado por soldados que cercaram o prédio da Finatec sob intervenção. Os estudantes ocuparam durante 13 dias as instalações da reitoria, e a UnB virou manchete da mídia de todo o país. O reitor renunciou e a universidade permaneceu três dias à deriva, sem comando.

Apesar de tudo isso, a universidade seguiu o curso normal. Não houve greve, nenhuma aula foi paralisada e o calendário letivo foi mantido. Nada foi quebrado ou danificado, não houve violência, ninguém apanhou ou bateu, salvo escaramuças. Foram interrompidos apenas alguns processos administrativos que dependiam de seções instaladas no prédio da reitoria. O resto funcionou normalmente.

A comunidade universitária, embora traumatizada com a rápida sucessão dos acontecimentos, deu demonstração de civilidade e maturidade. As demandas foram todas encaminhadas dentro da legalidade por meio de negociações políticas. E as denúncias estão sendo apuradas pelos órgãos competentes dentro e fora da UnB. Como deve ser.

Embora algumas instituições externas como o Ministério Público e o MEC tenham desempenhado papel decisivo na crise, a comunidade universitária está encaminhando por si própria, sem traumas, as soluções. Saindo do período de turbulências com tranqüilidade, a Universidade de Brasília parece estar passando por profunda revisão de sua atuação como casa de ensino e de saber. Ainda que a profundidade dessa transformação só ficará clara nos meses que virão.

O principal indicador dessa revisão é o aparente deslocamento de poder que se processa neste momento no câmpus. As administrações anteriores se pautaram pelo centralismo administrativo e pelo esvaziamento dos órgãos colegiados, relegados a meros referendadores de decisões previamente acordadas.

A crise mudou isso. Em primeiro lugar, o movimento estudantil recuperou o prestígio, se deu conta do poder que possui. Saiu vitorioso e aprovou a sua pauta de reivindicações. Com certeza, é o segmento que dispõe de maior mobilidade política e maior autonomia em relação à burocracia universitária. Será impossível, mesmo para os segmentos mais contidos, recusar sua maior reivindicação: a paridade nas eleições para reitor.

Em segundo lugar, o Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo da UnB, restabeleceu o seu poder político. O Consuni chamou para si a responsabilidade pela administração da crise e teve papel decisivo na condução pacífica das medidas. Daqui para frente, o Consuni certamente não abrirá mão do papel político que lhe cabe para decidir os rumos da UnB. Seus membros se valorizaram, o que é positivo.

Em terceiro lugar, o movimento docente parece ter acordado de longa letargia. Nos últimos anos, ele se limitou às reivindicações salariais, e a Adunb, associação docente, ficou esvaziada. Os professores deram uma guinada entre uma e outra assembléia, e aderiram às demandas dos alunos. A Adunb, embora ativa, estava isolada. A crise lhe ofereceu a oportunidade de retomar seu lugar histórico. A atual diretoria soube conduzir com competência as negociações. A entidade recuperou sua representatividade.

Houve saudável deslocamento do poder político no câmpus. A comunidade universitária se mobilizou, e tudo indica que a mobilização vai durar. Há nova reitoria no poder, com feições diferentes e, sobretudo, há eleições pela frente.

É inevitável que os órgãos colegiados, em todos os níveis, assumam maior responsabilidade daqui por diante nas decisões políticas. Há indicadores nesse sentido. Os professores se mobilizaram, voltaram a se reunir e discutir os rumos da UnB, coisa que estava relegada à administração central. Sem atitude de terra arrasada, a nova reitoria indica que vai fazer uma gestão colegiada. Isso tudo mobiliza, envolve, motiva a participação. A universidade parece estar superando os traumas e entrando numa nova fase, mais colegiada, mais democrática. A UnB cresceu com a crise.

----------------------
Correio Braziliense
02/04/2008